ADMINISTRAÇÃO APOSTÓLICA

SANTO ELESBÃO

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SANTO ELESBÃO

Confessor, Rei da Etiópia

No sexto século, havia, entre os árabes do Iêmen, conhecidos pelos orientais sob o nome de Hamiar, e chamados homeritas pelos gregos, grande número de cristãos. Mas o judaísmo recuperava a antiga primazia, e o rei dos homeritas, chamado Dimião, era judeu. Sob o pretexto de vingar a religião judaica, proscrita no império, mandou trucidar uma caravana de mercadores romanos que, como costumavam fazer, atravessavam seus estados para ir negociar na Etiópia. Esse bárbaro procedimento interrompeu aquele comércio. 

O rei da Etiópia foi tomado de cólera. Chamava-se Elesbão, alcunha etíope que significa o abençoado. Segundo afirma João, bispo da Ásia, era pagão. Instigado pelo Imperador Justino, pôs-se à frente de um exército, atravessou o Mar Vermelho, foi ao encontro de Dimião, matou-o em combate, pilhou o país, e colocou no trono, um novo rei, que era cristão. Prometera a Deus, antes da batalha que também se tornaria cristão, caso vencesse. Fiel à sua promessa, enviou a Justino, como emissários, dois dos mais prestigiosos fidalgos da Etiópia, solicitando-lhe que mandasse um bispo e alguns clérigos. Isso vem provar que a hierarquia não se conservara ininterruptamente depois de São Frumêncio. Justino tomou conhecimento do pedido pelas cartas de Licínio, prefeito do Egito, e permitiu que os emissários escolhessem o bispo do seu agrado. Estes, então, se dirigiram ao Patriarca ortodoxo da Alexandria que, de acordo com as doutas informações de Assemani, se chamava Astério; o Patriarca designou-lhes João, depois de tê-lo sagrado bispo de Axum, capital da Etiópia. Elesbão recebeu o batismo das mãos do novo pontífice, juntamente com os maiorais do império; também mandou doutrinar seus súditos, e construiu grande quantidade de igrejas. Em pouco tempo o cristianismo floresceu por todo o reino.

Mas como a vida do rei dos homeritas foi de curta duração, com isso se beneficiaram os judeus. Aproveitando o inverno de 523 a 524 que impediu que os etíopes atravessassem o mar para colocar no trono outro chefe cristão, escolheram um rei na sua própria seita, chamado Dunaan, assenhorearam-se de toda a nação, trucidaram grande quantidade de cristãos e transformaram as igrejas em sinagogas. Dunaan mandou degolar duzentos e oitenta sacerdotes e assassinar todos os etíopes que tinham permanecido no país.

Tendo sido o Imperador Justino informado do morticínio dos cristãos no país dos homeritas, apressou-se em escrever a Astério, Patriarca da Alexandria, pedindo-lhe que insistisse junto, ao rei etíope para que fosse socorrê-los. Mal chegou a primavera e Elesbão pôs-se à frente de um numeroso exército. Malgrado os acidentes de uma travessia difícil, transpõe o mar, vai ao encontro de Dunaan, destroça os judeus, cerca de trinta mil combatentes armados até os dentes, que se opunham à avançada. Dirige-se diretamente à capital, chamada Trafar, ou seja, Zhafar para os árabes, aprisiona a rainha e, deixando uma guarnição na cidade, vai lutar com Dunaan, desbarata-lhe o exército numa batalha longamente disputada e mata-o, assim como a todos seus parentes.

Obtida a vitória, retorna a Trafar, onde condena à pena última todos os que se encontravam no palácio e tinham participado dos crimes do rei judeu. Manda construir uma igreja cujos alicerces ele mesmo assenta. Em seguida, comunicou os êxitos por ele obtidos ao Patriarca da Alexandria, Astério, e este se incumbiu de transmitir as auspiciosas notícias ao Imperador Justino, e de enviar um bispo ao país dos homeritas, a fim de fortalecer o cristianismo que acabava de ser festivamente restabelecido.

Esse pontífice, que foi São Gregentius, procedeu à consagração da igreja fundada pelo rei, batizou os homeritas das cidades e dos campos, ordenou sacerdotes e diáconos, e consolidou as igrejas já existentes no país.

Em seguida Elesbão dirigiu-se a Nagra ou Nagran, a cidade dos mártires, e lá edificou uma igreja, na qual reuniu os ossos de todos que tinham morrido pela fé. Concedeu-lhe o direito de asilo e fez-lhe doação de cinco domínios reais, a fim de que pudesse prover à sua manutenção. A eles juntou uma parte dos bens do mártir Aretas, cujo filho foi investido na soberania paterna. Regressou depois à capital, onde se ocupou com regular o destino dos homeritas. Deu-lhes como rei um homem da sua nação, que era cristão e se chamava Esimifeu. Impôs-lhe um tributo anual, e deixou para guardá-lo um corpo de dez mil cristãos da Etiópia. Muitos de seus súditos, seduzidos pela beleza da região, fixaram-se para sempre junto aos homeritas.

Elesbão tornou a cruzar o mar e retornou a Axum com enormes despojos, que dividiu com o exército. Revoluções subsequentes custaram a coroa a Esimifeu. As tropas que Elesbão deixara, após a derrota do rei judeu, insurgiram-se e proclamaram rei Abraão, cristão, de Adulis, principal porto marítimo. Esse homem, famoso pela piedade, e a quem os autores árabes chamam Abrahad, manteve-o no trono apesar das tentativas em contrário que fez o rei da Etiópia, finalmente obrigado a deixá-lo em paz.

Muito tempo depois o próprio Elesbão, bastante avançado em anos e cansado das preocupações do governo, resolveu renunciar à coroa e passar o resto de seus dias num mosteiro. Enviou a Jerusalém a coroa enriquecida com pedrarias, como homenagem da sua piedade, e para demonstrar a Deus a sua gratidão pelas vitórias e pela glória a ele concedidas; depois, vestido com um cilício, deixou durante a noite o palácio e a capital e recolheu-se a um mosteiro de religiosos situado, numa alta montanha e no qual passou o resto da vida praticando a mais austera penitência. A Igreja cultua a sua memória no dia 27 de outubro.[1]

 


 

(ROHRBACHER Padre, Vida dos Santos: vol. XIX, ano 1959, pp. 48-51)

[1] Martirol. Rom,

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(Sexta) 2:01 pm - 2:01 pm