SÃO LUCAS EVANGELISTA

SÃO LUCAS

Evangelista

II classe

Por São Paulo sabemos que São Lucas não era judeu, pois não o menciona entre os seus colaboradores judeus (Col. 4, 10-11). O Apóstolo também relata que São Lucas o ajudou na obra de evangelização: “Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, que partilham minhas fadigas”. Como Lucas era médico (“Lucas, o Médico Amado”), podemos presumir que ele cuidava da saúde debilitada de São Paulo. O Apóstolo não faz nenhuma alusão aos escritos de Lucas e, se a ele se refere em II Cor. 8, 18-19, como acreditava São Jerônimo, não há dúvida de que ele não fala do Evangelho ali. A primeira vez que Lucas fala em seu próprio nome e na primeira pessoa, durante o ministério do Apóstolo, é quando partiu de Trôade rumo à Macedônia (Atos, 16, 10). Certamente ele começou a ser discípulo de São Paulo algum tempo antes e não se separou dele novamente, exceto quando foi necessário para o bem das Igrejas fundadas pelo Apóstolo. É praticamente certo que São Lucas esteve com São Paulo durante os dois períodos que passou na prisão em Roma. Segundo Eusébio, Lucas era originário de Antioquia. Ele provavelmente era grego. Ele mesmo nos deixou nos “Atos” a história das viagens e tribulações que compartilhou com São Paulo.

No prólogo do seu Evangelho, Lucas diz-nos que o escreveu para que os cristãos conhecessem melhor as verdades nas quais foram instruídos. Ele foi, acima de tudo, um historiador e escreveu principalmente para os gregos. Ele mesmo nos conta suas fontes. Como foram muitos os que relataram os acontecimentos tal como os ouviram contar “aqueles que foram as primeiras testemunhas e ministros da palavra”, também lhe pareceu bom, “depois de ter estudado os acontecimentos desde o início”, relatá-los em uma narrativa ordenada. Ao Evangelho de São Lucas devemos o relato detalhado da Anunciação, da visita de Maria a Isabel e das viagens de Cristo a Jerusalém (9, 51; 19, 28), bem como a narração de seis milagres e dezoito parábolas que os outros os evangelistas não mencionam. São Lucas escreveu os “Atos” como uma espécie de apêndice ao seu Evangelho, para nos deixar um relato autêntico das maravilhas da fundação da Igreja e de alguns dos milagres realizados por Deus para confirmá-la. Nos primeiros doze capítulos, São Lucas refere-se a algumas atividades dos principais apóstolos após a Ascensão do Senhor. A partir do capítulo 13, ele fala quase exclusivamente das atividades e milagres de São Paulo, já que foi testemunha ocular de muitos deles.

São Lucas acompanhou São Paulo nos seus últimos dias. Com efeito, depois das célebres palavras que escreveu a Timóteo: “A hora da minha morte se avizinha. Combati o bom combate. Acabei a minha carreira. Guardei a fé…”, conclui São Paulo: “Só Lucas está comigo”. Não sabemos ao certo o que São Lucas fez após a morte do Apóstolo. As declarações de autores posteriores não concordam entre si. Segundo uma tradição muito antiga e difundida, São Lucas era solteiro, escreveu o seu Evangelho na Grécia e morreu na Beócia, aos oitenta e quatro anos. São Gregório de Nazianzo, falecido em 390, diz que pregou principalmente na Grécia e é o primeiro a afirmar que foi um mártir, embora as suas palavras não sejam claras. Na verdade, é muito duvidoso que São Lucas tenha sido um mártir. O imperador Constantino II, falecido em 361, ordenou que as supostas relíquias do evangelista fossem transferidas de Tebas da Beócia para Constantinopla.

São Lucas é o padroeiro dos médicos e dos pintores. Um autor do século VI afirma que a Imperatriz Eudóxia enviara, um século antes, a Santa Pulquéria, uma imagem de Nossa Senhora, pintada em Jerusalém por São Lucas. Mais tarde, outras pinturas foram atribuídas a ele, mas Santo Agostinho afirma claramente que ninguém sabia nada sobre a aparência física da Santíssima Virgem. Por outro lado, não há dúvida de que as descrições de São Lucas nos seus escritos inspiraram inúmeros pintores. Os quatro símbolos mencionados por Ezequiel foram aplicados aos quatro evangelistas. O símbolo de São Lucas é o touro. Santo Irineu diz que se trata de uma alusão ao sacrifício de que fala São Lucas no início do seu Evangelho.

(BUTLER Alban de, Vida de los Santos: vol. IV, ano 1965, pp. 143-145)